Esteatose hepática: cuidados com a saúde do fígado

A esteatose hepática, também conhecida como gordura no fígado, é uma condição que ocorre quando há um acúmulo excessivo de gordura nas células do fígado. Embora o fígado normalmente contenha pequenas quantidades de gordura, níveis elevados podem levar a problemas de saúde mais graves.

Neste conteúdo você poderá entender o que é a esteatose hepática, seus sintomas e as opções de tratamento disponíveis. Boa leitura!

O que é esteatose hepática?

Em resumo, a esteatose hepática é uma condição caracterizada pelo acúmulo de gordura nas células do fígado. Esse excesso de gordura pode ser causado por diversos fatores, como alimentação inadequada, obesidade, consumo excessivo de álcool e algumas doenças metabólicas. A condição pode ser dividida em dois tipos principais:

  • Esteatose Hepática Não Alcoólica (EHNA): ocorre em pessoas que consomem pouco ou nenhum álcool. Está frequentemente associada à obesidade, diabetes tipo 2, colesterol alto e síndrome metabólica;
  • Esteatose Hepática Alcoólica: resulta do consumo excessivo de álcool, que causa inflamação e lesões no fígado, podendo evoluir para problemas mais graves, como cirrose.

O fígado é o órgão central do metabolismo de lipídios e glicose no corpo humano, e por isso tem papel vital na manutenção da homeostase. No entanto, a sobrecarga do fígado devido ao excesso de ácidos graxos provenientes de uma dieta desbalanceada, está associada a efeitos negativos para o fígado e também em outros órgãos.

Vale destacar que o da DHGNA resulta da união de diversos fatores. Primeiramente, o aumento da entrada de ácidos graxos livres no fígado derivados de tecido adiposo resistente à insulina. Além disso, a alteração no processamento hepático dos lipídios ingeridos e a exportação prejudicada de lipídios do fígado para a circulação sanguínea.

A esteatose hepática já é reconhecida como a causa mais comum de doença hepática crônica em todo o mundo. Sua prevalência aumentou para mais de 30% dos adultos nos países desenvolvidos e sua incidência ainda está aumentando. Esse aumento de incidência está diretamente relacionado com o aumento dos casos de obesidade, Síndrome Metabólica e Diabetes Mellitus tipo 2.

A maioria dos pacientes com esteatose hepática desenvolve um quadro de esteatose simples, mas até um terço dos pacientes pode progride para sua forma mais grave de esteatohepatite não alcoólica (NASH). A NASH é caracterizada por inflamação e lesão hepática, aumentando drasticamente o risco de desenvolver fibrose hepática e câncer.

Quais são os sintomas de quem está com gordura no fígado?

A esteatose hepática muitas vezes é silenciosa, o que significa que a maioria das pessoas não apresenta sintomas nas fases iniciais. Quando os sintomas aparecem, podem incluir:

  • Fadiga: sensação persistente de cansaço, mesmo após descanso adequado;
  • Desconforto ou Dor no abdômen: especialmente no lado direito superior, onde o fígado está localizado;
  • Inchaço abdominal: sensação de plenitude ou inchaço na área do abdômen;
  • Perda de apetite: em alguns casos, a pessoa pode sentir menos vontade de comer;
  • Náuseas: sensação de enjoo ou mal-estar estomacal;
  • Icterícia: Em casos mais avançados, a pele e os olhos podem ficar amarelados, indicando comprometimento mais grave do fígado.

Como os sintomas podem ser sutis ou inespecíficos, a esteatose hepática frequentemente é diagnosticada durante exames de rotina, como ultrassonografia ou exames de sangue que mostram níveis alterados de enzimas hepáticas.

Qual é o tratamento da esteatose hepática?

O tratamento da esteatose hepática depende da causa subjacente e do grau de comprometimento do fígado. Em geral, adotar uma dieta saudável com alimentação rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras é essencial.

Além disso, para pessoas com sobrepeso ou obesidade, a perda gradual de peso pode reduzir o acúmulo de gordura no fígado e melhorar a saúde geral. Em paralelo, praticar atividades físicas regularmente, como caminhada, corrida ou exercícios aeróbicos, ajuda a controlar o peso, melhorar a resistência à insulina e reduzir a gordura no fígado.

Manter os níveis de glicose e colesterol sob controle é crucial para pacientes com esteatose hepática, especialmente aqueles com diabetes ou síndrome metabólica. Assim como a cessação completa do consumo de álcool é fundamental para evitar a progressão da doença.

Embora não haja medicamentos específicos para tratar a esteatose hepática, o médico pode prescrever medicamentos para controlar condições associadas, como diabetes, colesterol alto ou pressão arterial elevada.

Por fim, para desenvolver o melhor cuidado para cada caso é fundamental o monitoramento regular com médicos especializados. Assim, é possível realizar exames de imagem ou sangue que são essenciais para monitorar a evolução da condição e ajustar o tratamento conforme necessário.

Qual a relação com a microbiota intestinal?

A esteatose é uma a manifestação hepática da síndrome metabólica. No entanto, as alterações em outros órgãos, como no tecido adiposo, a barreira intestinal e o sistema imunológico também podem promover a progressão dessas doenças hepáticas.

Alterações na composição da microbiota intestinal como as disbioses geram alterações na função de barreira intestinal aumentando a permeabilidade de endotoxinas bacterianas para a corrente sanguínea, essas endotoxinas tem papel fundamental não apenas no início, mas também na progressão da esteatose hepática. 

Essas endotoxinas bacterianas derivados do intestino contribuem para a ativação de processos inflamatórios no fígado. Por isso, o sistema imunológico inato e o aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias também estão diretamente ligadas à progressão da esteatose hepática.

Pesquisas têm mostrado que a suplementação de compostos bioativos antioxidantes contribui para a melhora do quadro clínico de esteatose hepática por reduzir o estresse oxidativo e a resposta inflamatória no fígado. 

A suplementação de magnésio em especial também tem efeitos terapêuticos na esteatose hepática reduzindo a produção de citocinas mediada pelo fator nuclear-κB (NF-κB) protegendo as células hepáticas de lesões. 

Por isso o consumo de suplementos que contenham compostos antioxidantes e minerais como o magnésio podem fazer parte de uma intervenção complementar para tratamento da esteatose hepática.

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A esteatose hepática é uma condição comum, mas que requer atenção, especialmente devido ao risco de progressão para doenças hepáticas mais graves. Mudanças no estilo de vida, como dieta saudável, exercícios físicos e controle de condições associadas, são fundamentais para o manejo da gordura no fígado.

 Se você suspeita que pode ter esteatose hepática ou se enquadra em grupos de risco, é importante consultar um médico para avaliação e orientação adequada.

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Fonte: Dietrich P, Hellerbrand C. Non-alcoholic fatty liver disease, obesity and the metabolic syndrome. Best Pract Res Clin Gastroenterol. 2014 Aug;28(4):637-53. doi:
10.1016/j.bpg.2014.07.008. Epub 2014 Jul 11. PMID: 25194181.